Em nome “do” Jesus

Próximo a casa da dos meus pais ainda existe uma venda que freqüento desde garoto. Na época meu pai tinha uma conta com o dono do estabelecimento. Praticamente todos os dias eu ia a venda buscar alguma coisa em nome do meu pai. Pão, tomate, açúcar, frango etc. Todas as vezes que ia a essa venda pedia um salgadinho de camarão, praticamente era um vicio.

Até que um dia meu pai resolveu analisar as anotações do caderno de despesas do mercadinho e viu que em um mês praticamente uma folha era só de anotações de salgadinho de camarão. Ele pediu ao dono da venda para que não vendesse mais esse produto para mim.

No outro dia quando fui à venda pedir pão, leite, alface e o salgadinho de camarão em nome do meu pai o dono da venda me deu todos os produtos e quando eu ia reclamar a falta do salgadinho de camarão ele disse; seu pai não quer que você consuma esse produto.

Nos protestantes acreditamos que podemos usar de maneira mágica o nome de Jesus para as coisas acontecerem. E nos baseamos erroneamente em um trecho bíblico de João 14:13-14: “E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.”

Basta colocar o “em nome de Jesus” ao final de cada frase e sua oração terá sucesso. ABCD... em nome de Jesus! FGHI... em nome de Jesus! Isso não é a vã repetição que Jesus diz em Mateus 6:7-8? Mesmo se a vã repetição é o nome de Jesus. Pensa-se que o nome de Jesus é aquela chave de segurança que dá acesso as operações de nossa conta corrente.

Quando tinha 23 anos era procurador da empresa em que eu trabalhava para retirar e assinar documentações junto a cartórios e bancos. Poderia fazer qualquer coisa, mas quando assinava em nome da empresa tinha que ser para o beneficio da empresa e não para meu beneficio.

Você não pode usar o nome de Jesus para suas motivações egoístas. Quando ele disse ; “tudo quanto pedirdes em meu nome” ele está dizendo; como eu pediria a meu pai.

Orar ou falar em nome de Jesus é apostar naquilo que ele aposta é direcionar sua atenção em torno das coisas que Jesus defende e acredita. “Em nome de Jesus eu vou derrotar e humilhar meus inimigos”. Não, o seu pai não quer que você se consuma com o produto da ira.

Qualquer pessoa que me conheça um pouco sabe de minha total aversão a “Funk proibidão”. Se você pedir a minha esposa ou a qualquer um dos meus amigos e disser; Estou aqui em nome do Leonardo para retirar com você um valor “x” para comprar um CD de funk proibidão.

O que você ira ouvir imediatamente é; o Leonardo jamais autorizaria uma coisa dessas. O cidadão chega diante de Deus “em nome do Jesus” pedindo algo que o Jesus jamais pensaria em dizer, quanto mais em fazer. Ou ele é doido ou não conhece nem um pouco a Jesus.

Vi inúmeras vezes no ambiente religioso um “diabo” falar em nome de Jesus escondido atrás do púlpito. Como sei que era um “diabo”? Porque ele falava em nome de Jesus tudo aquilo que Jesus não era. Hoje nos ambientes religiosos estão falando do nome de Jesus. Mas o ser que descrevem é o diabo. Em nome de Jesus e com o uso da Bíblia roubam, matam e destroem.

Não sou cético. Acredito que há sim poder no nome de Jesus. Por sua filiação, vida, morte e ressurreição o nome de Jesus está acima de todo nome e perante o seu nome principados e potestades se prostam.

Se por acaso você está desempregado e “suspeita” que sua falta de emprego é uma investida de espíritos malignos e potestades, ore em nome de Jesus e esses espíritos te deixaram e você encontrará trabalho ainda hoje. Agora se seu problema for por que a economia está em crise ou porque o seu currículo está desatualizado vai demorar um pouco.

Se sua enfermidade “por acaso” for um ataque de espíritos ou do demônio em nome de Jesus se curado agora. Agora se não; procure um bom médico em nome de Jesus.
Orar por coisas que estejam de acordo com a vontade de Deus é a essência de orar em nome “do” Jesus.

Por Leonardo Pessoa

Revista Época 08/2010 – Os novos evangélicos

A Vera do Blog A Estrangeira publicou a matéria da revista época do mês de agosto sobre OS NOVOS EVANGÉLICOS, vale a pena todos que não puderam comprar a revista darem uma olhada. Segue o link:


Em conversão


Estou cansado. Não aguento mais tanta impunidade. Não consigo exercer o cristianismo diante de um crápula que usa brechas da lei para se safar de um crime hediondo. Que mata, que participa de corrupção ativa, que rouba o país, que rouba a inocência de uma criança. Do líder religioso que implanta medidas místicas de outras religiões, que trata seu membro com lixo na busca cega por crescimento financeiro e numérico. Não sou santo, mas também não sou a encarnação do mal. Como Deus pode amar alguém assim.

Como Jesus pode, por exemplo, visitar um homem como Zaqueu? Um homem de índole incorreta, que certamente eu, que não sou um bom exemplo para nada, não aceitaria nos seus círculos de amizades, alguém que ninguém quer ter do lado como amigo.

Zaqueu não passaria pelo meu crivo, porém ele é o escolhido por Cristo. É desconcertante para eu acreditar que Jesus naquela cena diante de pessoas idôneas prefira aquele que a meu ver não presta.

Sei que é errado pensar assim, mas eu não sei amar do mesmo jeito que Deus ama, eu ainda prefiro andar com os corretos, a minha preferência ainda é pelos santos e por aquelas pessoas que tem alguma utilidade para mim.

“Eu não sei amar os inúteis senhor! Eu não sei amar os ignorantes, que cometem o mesmo erro todos os dias. Eu não sei amar aqueles que não atendem ao meu pedido, não seu amar aqueles a quem julgo não merecer o meu amor”.

Acredito que a mensagem de Jesus é realmente buscar o que havia se perdido, aquilo que não interessa a sociedade. A mensagem do reino tem de alcançar todos mesmo aqueles que estão a margens da vida, abandonados marginalizados excluídos, pois não tem muito a oferecer.

Só comecei a entender um pouco essa misericórdia de Deus, quando pude senti-la na minha vida e vi que ela também é para mim, não só para o que estava do lado, não só para aquele que eu desprezo.

Hoje com 27 anos estou em processo de conversão. Converter é transformar a partir de. Por exemplo, eu possuo um arquivo de áudio que está no formato wma (Windows Media Áudio). Meu aparelho de som só lê arquivos em mp3, se eu quiser ouvir esse arquivo de áudio preciso convertê-lo para mp3. Dai através de um programa o meu arquivo que era wma se converteu para mp3 e agora a música que eu não ouvia posso ouvir.

Conversão é isso é pedir a Deus, senhor nessa hora eu não consigo amar essa pessoa, eu só consigo ver o pecado dela, pra mim ele (a) não possui nada de bom. Deus converte seu coração no coração de Jesus e aquele sentimento que não podia ser ouvido no seu corpo é transformado então posso ouvi-lo e manifestá-lo.

Todos os dias procuro me apaixonar pelas escolhas de Jesus, mesmo que ainda não consiga fazê-las.

Por Leonardo Pessoa

Reverberando a Vitória II

Atrevo-me a pensar mais uma vez sobre vitória. Quando me converti ao cristianismo foi me dito que com Deus sempre vencemos, que os vitoriosos são os justos. E na verdade só são vitoriosos porque tem a benção de Deus, e só a possuem porque são justos.

Desde muito jovem sempre fui aficionado por quadrinhos, para se ter uma idéia com oito anos eu possuía cerca de 700 revistinhas, esses quadrinhos refletiam sempre o herói como o vitorioso isso fazia muito sentido pra mim. Quem morre, ou sofre algum mal é o vilão e não o herói. Nos quadrinhos, pelo menos na minha época, o bem sempre vence. Na lógica religiosa a mim apresentada também.

Curioso, essa é a mesma utilizada na sociedade atual. Basta observamos a impunidade nos meios políticos e sociais. “Não ele não é corrupto porque se fosse estaria preso, e se está solto é porque é justo”

Essa lógica torpe e violenta diz que; quem vence está certo, e só vence porque está certo. E estando certo tem a benção e a aprovação de Deus, e por receber a benção e a aprovação de Deus é que vence.

Foi essa a lógica que motivou a Davi enfrentar o gigante. “Estou do lado da justiça, e por que estou do lado da justiça tenho Deus do meu lado, e porque Deus está ao meu lado vou derrotá-lo. E quando eu vencê-lo todos verão que estou lado da justiça e que Deus é comigo e não com o filisteu”.

Todas as sociedades pensam assim; os vitoriosos estão certos e se estão certos Deus está do lado deles. E porque estão certos e possuem Deus ao seu lado vencem.

Mas Jesus Cristo, o justo de Deus morre. A bênção encarnada é condenada a maior maldição possível aos homens. A personificação da justiça de Deus é crucificada.
“Tú não és o filho de Deus? Deus não é contigo, então desce da cruz!” disseram.

Através de Jesus Deus nos mostra que a vitória não significa necessariamente justiça, posso ser vitorioso mesmo não sendo justo basta possuir mais poder que o outro. Mostra-nos que aparentemente quem perdeu pode ser o verdadeiro vitorioso.

Quem é o Justo? O justo é o crucificado.

Mas o crucificado não é o que perdeu o derrotado? Sim, é possível que um justo seja derrotado, mesmo com a certeza que Deus está ao seu lado. E mesmo aparentemente derrotado ser o grande vencedor.

Por Leonardo Pessoa