Reverberando a Vitória I

Acredito que o termo vitória tenha ganhado espaço na minha vida com os jogos olímpicos de 1988 mesmo tendo apenas 5 anos. Lembro-me da corrida dos 100 metros razos o Ben Johnson foi campeão e bateu um recorde mundial que pertencia a Carl Lewis se eu não me engano. Mas na mesma semana o Ben teve de devolver a medalha ele foi pego no doping.

Pela gana de ser o primeiro Ben Johnson ficou alguns anos banido das pistas.
Foi o aristocrata francês, Barão de Coubertin, quem recuperou os Jogos olimpicos. Tentando reavivar o espírito das primeiras olimpíadas instituiu prêmios para cada colocação para a disputa ficar mais acirrada. Recebiam o premio as colocações de primeiro, segundo e terceiro lugar, sendo uma medalha de ouro para o primeiro, de prata para o segundo e de bronze para o terceiro.

Historiadores dizem que os poderosos da época apostavam entre si para ver qual competidor ganharia, então deixavam alguns dos seus ao redor das pistas, estes jogavam moedas sobre a pista, os que achavam que não tinham possibilidade alguma de vencer já paravam e pegavam as moedas, filtrando assim os competidores, quando a corrida aproximava-se de seu desfecho jogavam ainda mais moedas, na esperança de que um futuro campeão, (que não era o seu escolhido), viesse a desistir.

O interessante como essa disputa imita a vida. Pois na corrida da vida todos querem ser vencedores: o primeiro da turma da escola, o melhor no trabalho, o rapaz rico e o craque do esporte são apenas alguns dos exemplos. Assim, para obterem tais “títulos”, alguns trapaceiam. Utilizam-se desde a simples “cola” no colégio até o furto no trabalho, desde passarem “por cima” do companheiro de serviço ou ministério até a fraude no esporte como fez o Ben.

Subterfúgios esses utilizados com o fim exclusivo de chegarem ao primeiro lugar e então serem considerados como os vencedores. Declarados como “primeiro lugar”.

No geral as pessoas querem vencer. Pretendem obter sucesso e demonstrar isso para suas famílias; seus amigos e para sua comunidade e sociedade em geral. Ninguém deseja ser um perdedor, ou o “desajeitado” da turma.

Por essas e outras que cursos, palestras, e cultos do tipo “Alcance o sucesso” estão aí sendo ministrados aos montes lotando os auditórios e igrejas. Nesses eventos são ensinadas técnicas de auto-ajuda, auto-estima e dicas de como a pessoa deve fazer para se dar bem na vida, com o auxilio divino é claro; porque se Deus é por nós....

Tanto a trapaça quanto as técnicas de auto-ajuda não fazem do indivíduo um verdadeiro vencedor nessa maratona que é a vida. Não é a fraude, tampouco as receitas do sucesso, ingredientes para a plena vitória.

Por quê? A resposta está, primeiramente, na forma como encaramos a nossa corrida. Se acreditarmos que a pista que percorremos possui somente “alguns metros” de distância, cuja chegada está bem ali, no final da nossa passageira existência, poderíamos, então, ter como certo, que o subterfúgio da trapaça seria a melhor opção para sermos os vencedores.

Entretanto, a pista da nossa corrida é bem mais distante que qualquer maratona olímpica. Nosso tempo de existência é somente a largada de uma eternidade que nos aguarda. E quanto àqueles que trapacearam, serão pegos no maior de todos os exames: O exame de Deus da consciência do homem. Assim, os que começaram bem, podem terminar mal.

Sem falar naqueles que desistem da corrida da vida por causa de algumas moedas...

O maior vencedor olímpico não é o atleta que conquista a medalha de ouro, ou mesmo uma medalha, seja de prata ou bronze. A medalha de ouro é um detalhe que se submete a muitas variáveis.

Na piscina de 50 metros a distância entre o ouro e a prata é apenas um piscar de olhos. Fatores genéticos, recursos tecnológicos, acompanhamento clínico, nutrição, condições físicas para o treinamento, equipe técnica, apoio financeiro e outros tantos acabam por afetar o resultado mais até que o talento, a dedicação e a disciplina de cada atleta.

A maior batalha de um atleta não é contra seus adversários. Vencedor não é quem supera o outro, é quem supera a si mesmo. “Eu venci”; grande coisa!

Parafraseando o sábio Salomão, “maior é aquele que conquista a si mesmo do que aquele que conquista uma medalha de ouro” (Provérbios 16.32). Talvez por essa razão o apóstolo Paulo tenha comparado a carreira da fé aos jogos olímpicos (1Coríntios 9.24-27).

No podium olímpico apenas um leva o prêmio. Mas no podium da vida todos podem ser coroados vencedores, mesmo aqueles que chegam por último, pois na vida não competimos uns contra os outros para chegar na frente, mas contra nossos próprios limites e sombras, simplesmente para chegar.

Por Leonardo Pessoa