O DRAMA DE ASAFE

"Na verdade, Deus é bom para o povo de Israel, ele é bom para aqueles que têm um coração puro. (2-3) Porém, quando vi que tudo ia bem para os orgulhosos e os maus, quase perdi a confiança em Deus porque fiquei com inveja deles. (2-3) Porém, quando vi que tudo ia bem para os orgulhosos e os maus, quase perdi a confiança em Deus porque fiquei com inveja deles. Os maus não sofrem; eles são fortes e cheios de saúde. Eles não sofrem como os outros sofrem, nem têm as aflições que os outros têm. Por isso, usam o orgulho como se fosse um colar e a violência, como uma capa. O coração deles está cheio de maldade, e a mente deles só vive fazendo planos perversos. Eles gostam de caçoar e só falam de coisas más. São orgulhosos e fazem planos para explorar os outros. Falam mal de Deus, que está no céu, e com orgulho dão ordens às pessoas aqui na terra. Assim o povo de Deus vai atrás deles e crê no que eles dizem. Eles afirmam: "Deus não vai saber disso; o Altíssimo não descobrirá nada!" Os maus são assim: eles têm muito e ficam cada vez mais ricos. Parece que não adiantou nada eu me conservar puro e ter as mãos limpas de pecado. Pois tu, ó Deus, me tens feito sofrer o dia inteiro, e todas as manhãs me castigas. Se eu tivesse falado como os maus, teria traído o teu povo. Então eu me esforcei para entender essas coisas, mas isso era difícil demais para mim. Porém, quando fui ao teu Templo, entendi o que acontecerá no fim com os maus. Tu os pões em lugares onde eles escorregam e fazes com que caiam mortos. Eles são destruídos num momento e têm um fim horrível. Quando te levantas Senhor, tu não te lembras dos maus, pois eles são como um sonho que a gente esquece quando acorda de manhã. O meu coração estava cheio de amargura, e eu fiquei revoltado. Eu não podia compreender, ó Deus; era como um animal, sem entendimento. No entanto, estou sempre contigo, e tu me seguras pela mão. Tu me guias com os teus conselhos e no fim me receberás com honras. No céu, eu só tenho a ti. E, se tenho a ti, que mais poderia querer na terra? Ainda que a minha mente e o meu corpo enfraqueçam, Deus é a minha força, ele é tudo o que sempre preciso. Os que se afastam de ti certamente morrerão, e tu destruirás os que são infiéis a ti. Mas, quanto a mim, como é bom estar perto de Deus! Faço do Senhor Eterno o meu refúgio e anuncio tudo o que ele tem feito". (Salmos 73:1-28 BIBLIA).

Essa história está registrada no salmo 73 da Bíblia Sagrada. Ela possui quatro capítulos fascinantes e tem como protagonista um homem chamado Asafe. Este Asafe tinha como profissão cuidar da música que as pessoas cantavam na igreja. Ele era um músico excepcional e se esmerava em tocar, ensinar e reger durante os cultos. Também era um compositor extraordinário. A presença de Asafe na igreja era sinal de arte, sensibilidade e arrebatadora espiritualidade no louvor ao Senhor. Em I Crônicas 25 vemos que Asafe já tinha filhos músicos que prestavam serviço no Templo. Provavelmente já deveria ser homem maduro quando escreveu este salmo.

E este salmo revela uma humanidade incrível – somos nós mesmos!
Todas nossas dúvidas existenciais estão ali... E não só as nossas! Muitas pessoas, cristãos ou não, questionam a existência de Deus quando perguntam: “Se Deus existe e é bom, porque permite tanto sofrimento no mundo?”
Como qualquer pessoa antenada com o seu tempo, o nosso personagem também conseguia fazer esta leitura crítica dos fatos sociais à sua volta. Ele não era alienado. A música sacra era a sua missão, mas isso não excluía o entendimento e a preocupação com as questões, inquietações e o drama da vida.

Veja mais ou menos o que o que Asafe sentia:
Imagine-se “liso, sem dinheiro” e, de repente, você está dentro de um ônibus lotado (desses que se tirar o pé do chão, não tem mais lugar onde colocar) e passa um “pagão” ,que você sabe não ter bons princípios, numa BMW último tipo com os vidros fechados e o ar condicionado ligado...
Bem, é melhor parar de olhar. Sabe por quê? Quando fazemos isso corremos o risco de cobiçar o estilo de vida nababesco de pessoas sem os mesmos absolutos morais, espirituais, etc... que nós temos.
E aí, ficamos iguais ao salmista: meu coração estava cheio de amargura, e eu fiquei revoltado. Ou quando ele diz: - Parece que não adiantou nada eu me conservar puro e ter as mãos limpas de pecado. Que é o mesmo que dizer: Não vale a pena ser honesto! Não existe retorno financeiro para uma pessoa que quer ter um caráter integro.

Então Asafe percebe que seus pensamentos o estavam guiando a um caminho escorregadio; na realidade faltava muito pouco para que abandonasse a fé. A lição que daí extraímos é a de que mesmo os homens mais firmes e ortodoxos podem enfrentar momentos terríveis de conflito filosófico e teológico.
O salmista nos transmite ainda duas lições: a primeira delas é que não devemos nos desesperar quando porventura nos vemos assolados por esse tipo de sentimento em relação à justiça e à bondade de Deus; a outra se refere à necessidade de sermos mais amorosos e compreensivos para com aqueles que são surpreendidos pela dúvida.”

Provavelmente Asafe nem podia comentar suas dúvidas com seus irmãos, pois receava ser julgado como cético e apóstata: - Se eu tivesse falado como os maus, teria traído o teu povo. Então eu me esforcei para entender essas coisas, mas isso era difícil demais para mim. Provavelmente existem muitas pessoas, muitos “Asafes” nesta situação - têm dificuldade de expor esses sentimentos com medo do julgamento de seus irmãos e sofrem calados. Por isso é que acho que este é um salmo especialmente “libertador”.

Asafe estava no “quase” da fé: "quase perdi a confiança em Deus porque fiquei com inveja deles".
Asafe estava no “quase” existencial: "Então eu me esforcei para entender essas coisas, mas isso era difícil demais para mim".

O que aprendemos com Asafe.
Asafe mesmo nos seus “quases” não deixou sua fé.
Foi na ida ao Templo que sua percepção mudou: "Porém, quando fui ao teu Templo, entendi..."

Asafe entendeu: "entendi o que acontecerá no fim com os maus. Quando te levantas Senhor, tu não te lembras dos maus, pois eles são como um sonho que a gente esquece quando acorda de manhã. ... Pois eles são como um sonho que a gente esquece quando acorda de manhã.
O chão não é tão firme como alguns pensam que é. De repente, fica muito escorregadio, a queda é certa. Nem o dinheiro, nem o poder, nem a fama são suficientes para defenderem o perverso diante do AMOR Divino".
Como Asafe finalmente se posicionou?
E enquanto isso, Asafe preferiu estar junto a Deus, com PROSPERIDADE ou NÃO.
“Mas, quanto a mim, como é bom estar perto de Deus! Faço do Senhor Eterno o meu refúgio e anuncio tudo o que ele tem feito”.

Caio Fábio No livro; No Divã com Caio Fábio diz:
“Digo aos “Asafes contemporâneos” o seguinte: a grande manifestação de Deus no tempo presente não é enriquecer o cristão ou empobrecer o incrédulo, mas conservar no caminho que conduz ao verdadeiro e incorruptível tesouro pessoas tão frágeis como eu e você.
Que Deus nos ajude a não ambicionar a prosperidade dos maus, mas a substituir tal perspectiva pelo saudável desejo de lhe sermos fiéis no tempo presente, a fim de recebermos no céu a coroa da vida.”

Por Leonardo Pessoa

DENTRO DE VOCÊ...

Há algum tempo, um vendedor de balões infláveis vendia seu produto em uma movimentada praça. Quando as vendas diminuíam, soltava um desses balões.Ao flutuar no ar, despertava a curiosidade das pessoas e reaquecia as vendas por alguns minutos. Alternava as cores; primeiro soltava um branco, logo um vermelho e depois um amarelo.
Passado algum tempo, um menino negro puxou a manga de seu paletó, olhou nos olhos do vendedor e fez uma pergunta penetrante:
- Senhor, se soltasse uma bexiga preta ela subiria?
O vendedor de balões olhou para o pequeno com compaixão, sabedoria e compreensão e disse:
- Filho, o que faz o balão subir é o que está dentro dele.
É realmente impressionante como o ser humano tem a capacidade de julgar a tudo pela aparência externa. A supervalorização da imagem externa é uma grande responsável por problemas que adoecem a humanidade, e seus relacionamentos. Ao criar um estereótipo produzido a partir da aparência, deixamos de considerar os vários defeitos, pertencentes a todos, escondidos através do plano físico. Então, ao nos depararmos com essas falhas, surgem as decepções que provocam as divisões. É fácil ver como belas capas podem esconder finais desastrosos para uma história. É o caso do rei Saul o primeiro rei de Israel que a Bíblia descreve como “jovem de boa aparência, sem igual entre os israelitas; os mais altos batiam nos seus ombros” – 1 Sm 9:2, e que devido a sua insubmissão a Deus, foi rejeitado por ele.
Após sua desobediência, Samuel partiu a Belém para casa de Jessé, de acordo com a ordem que havia recebido de Deus; para ungir um de seus filhos, que viesse substituir Saul e estabelecer definitivamente o reino. Um rei temente a Deus, sábio, corajoso, forte e vigoroso, que governasse o povo de Deus de acordo com a Sua vontade. O ungido agruparia todas essas características, e mais outras, que o faria um grande líder para o povo de Israel.
Ao ver Eliabe, um dos filhos de Jessé, Samuel pensou estar diante do futuro rei de Israel, mas Deus o advertiu:
O Senhor, contudo, disse a Samuel: “Não considere sua aparência nem sua altura, pois eu o rejeitei. O Senhor não vê como vê o homem, o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração”. – 1 Sm 16:7
É triste ver, como ainda a embalagem pesa mais que o conteúdo. Muitas vezes o preconceito impede nossa expansão. Por exemplo, se existe uma pessoa, que necessita de ajuda, mas não corresponde aos nossos padrões de perfeição, ela simplesmente será ignorada.
O mundo criou e dissemina um padrão estético que está através da mídia assustadoramente tomando as mentes.

A escolha de Davi como novo rei demonstra a ênfase divina nas características interiores, e não exteriores. O status de Davi na família era tão pequeno que nem sequer foi chamado para encontrar-se com Samuel. Davi era simplesmente o filho mais moço, que cuidava das ovelhas nos campos. No entanto, ele foi escolhido por Deus para ser o rei de Israel, para realizar grandes feitos e fazer parte da linhagem da qual viria Jesus que Deus enviaria a Israel. Deus, é claro, não via Davi como sua família o via.
Não se julga o potencial de uma arvore pelo seu tamanho e sim pela qualidade de seus frutos. Nesta metáfora a arvore pode ser você!
Conta-se que os deuses da Grécia Antiga, temerosos de que os homens descobrissem seu PRÓPRIO POTENCIAL e ciumentos de que assim pudessem chegar ao nível deles(deuses), realizaram uma longa reunião para decidirem a maneira mais concreta de ocultar aos homens esse potencial.
Várias foram as propostas. Houve quem pensou em esconder o potencial humano nos abismos mais imperscrutáveis dos oceanos, mas foi lembrado que, no futuro, o homem penetraria o fundo dos mares.
Apresentou-se, também, quem propôs ocultar este potencial nas montanhas mais altas da Terra, mas tal proposta não foi aceita, porque o homem, em um dia não muito distante as escalaria.
Outro sugeriu esconder tal riqueza humana na Lua, mas salientou-se que o homem no futuro iria habitá-la.
Por fim, todos aceitaram uma estranha proposta: todo aquele poder incomensurável, “o potencial humano”, deveria ser escondido... Dentro do próprio homem.
Como justificativa para tal resolução os deuses disseram: "O homem é tão distraído e voltado para fora de si que nunca pensará em encontrar seu potencial máximo dentro do seu próprio ser.
Efetivamente o vendedor de balões tinha razão.
Pense naquilo que você carrega aí dentro de você e não se esqueça: “O que está dentro de você é o que lhe fará subir”.

Por Leonardo Pessoa


DO QUE VOCÊ TEM MEDO?


“NÃO SEI O QUE É MEDO, interrompeu ela com ingenuidade.
- Sim? Não a supunha valente. Pois eu sei o que ele é. O Medo? O medo é um preconceito dos nervos. E um preconceito desfaz-se; basta uma simples reflexão”.
(Machado de Assis em "Helena").

Você pode surpreender-se ao saber que Franklin Delano Roosevelt era aristocrata de nascimento. Contudo, seus pais ricos e influentes criaram-no sabiamente para acreditar que os privilegiados devem assumir maior responsabilidade em ajudar os menos afortunados.
Embora fosse um adolescente tímido, Roosevelt desabrochou ao cursar a Universidade Harvard, onde contribuiu para a vida do campus com seu desenvolvimento nos esportes e no jornal da escola.Roosevelt já se havia tornado um servidor público ilustre tendo servido como deputado estadual e ministro adjunto da marinha, quando a tragédia o atingiu - ele sofreu um severo ataque de poliomielite. Os dias sóbrios que se seguiram deixaram-no numa confusão de dor física.Mas um Roosevelt determinado, cuja carreira muitos observadores acharam ter-se encerrado, arregimentou o que mais profundo havia em sua coragem pessoal, readquiriu o uso das mãos e aprendeu a andar com o apoio de aparelhos.Durante sua convalescença o medo do fogo atormentou Roosevelt - medo de ficar preso num prédio em chamas. Tendo sua vida já devastada, quem o culparia se ele passasse o resto de seus dias em auto-piedade? Em vez disso, ele lutou para vencer sua deficiência e conquistar seus temores.Oito breves anos depois, ele tornou-se governador do Estado de Nova Iorque. E apenas onze anos após ter sido atacado pela moléstia e paralisado, após suportar inúmeros meses de fortes dores, após muita insistência para que se aposentasse, Franklin Delano Roosevelt - homem de temor e coragem, prestou juramento como trigésimo segundo Presidente dos Estados Unidos da América.Neste momento, o país estava mergulhado na Grande Depressão, muito maior do que estão enfrentando hoje com a quebra dos bancos americanos. Um em cada quatro homens estava desempregado, muitos não tinham dinheiro para comprar alimento para famílias, e muitos haviam perdido suas casas.Como as pernas de Roosevelt, o país estava aleijado pelo medo. Quem melhor do que ele poderia simbolizar a paralisia que as pessoas sentiam? Por toda a parte, homens sentiam as garras cruéis do terror.Foi contra esse cenário de fundo que Franklin Delano Roosevelt arrastou-se até o microfone e proferiu o discurso inaugural mais absorvente deste século: “A única coisa que devemos temer é o medo”.Felizmente, nem todos optaram pela segurança. Alguns venceram, a despeito dos riscos. Alguns atingiram a grandeza, a despeito da adversidade. Recusaram-se a dar ouvidos a seus temores. Nada do que alguém disse ou fez conseguiu frustrá-los.
Falta de capacidade ou abundância de desapontamentos não precisam desqualificar a pessoa! É como Ted Engstrom escreve, com muito discernimento:
“Estropie o homem, e você terá um Sir Walter Scott. Enterre-o nas neves de Valley Forge, e você terá um George Washington. Eduque-o em pobreza abjeta, e você terá um Abrahan Lincoln. Atinja-o com poliomielite e ele se torna Franklin Roosevelt. Ensurdeça-o e você terá um Ludwig Van Beethoven. Chame-o de aprendiz lerdo, “retardado” e dispense-o por ser incapaz de aprender, e você terá um Albert Einstein”. Existe um poema do Augusto Cury que diz assim: Desejo que você Não tenha medo da vida,tenha medo de não vivê-la.Não há céu sem tempestades, nem caminhos sem acidentes. Só é digno do pódio quem usa as derrotas para alcançá-lo.
Só é digno da sabedoria quem usa as lágrimas para irrigá-la. Os frágeis usam a força; os fortes, a inteligência.
Seja um sonhador, mas una seus sonhos com disciplina, Pois sonhos sem disciplina produzem pessoas frustradas”.
...o medo é um microscópio que aumenta o perigo.
Por Leonardo Pessoa


NÃO DIGA; EU NÃO TENHO NADA A VER COM ISSO


Um rato olhando pelo buraco na parede vê o fazendeiro e sua esposa abrindo um pacote. Pensou logo em que tipo de comida poderia ter ali. Ficou aterrorizado quando descobriu que era uma ratoeira.
Foi para o pátio da fazenda advertindo a todos:
- "Tem uma ratoeira na casa, uma ratoeira na casa." A galinha, que estava cacarejando e ciscando, levantou a cabeça e disse:
- "Desculpe-me Sr. Rato, eu entendo que é um grande problema para o senhor, mas eu não tenho nada a ver com isso, não me prejudica em nada, não me incomoda."O rato foi até o porco e disse a ele:
- "Tem uma ratoeira na casa, uma ratoeira."
- "Desculpe-me Sr. Rato, mas não há nada que eu possa fazer, a não ser rezar. Fique tranqüilo que o senhor será lembrado nas minhas preces."O rato dirigiu-se então à vaca. Ela disse:
- "O que Sr. Rato? Uma ratoeira? Por acaso estou em perigo? Acho que não!" Então o rato voltou para a casa, cabisbaixo e abatido, para encarar a ratoeira do fazendeiro. Naquela noite ouviu-se um barulho, como o de uma ratoeira pegando sua vítima. A mulher do fazendeiro correu para ver o que havia pego. No escuro, ela não viu que a ratoeira pegou a cauda de uma cobra venenosa. A cobra picou a mulher.O fazendeiro a levou imediatamente ao hospital. Ela voltou com febre. Todo mundo sabe que para alimentar alguém com febre, nada melhor que uma canja. O fazendeiro pegou seu cutelo e foi providenciar o ingrediente principal a galinha.Como a doença da mulher continuava, os amigos e vizinhos vieram visitá-la. Para alimentá-los o fazendeiro matou o porco. A mulher não melhorou e muitas Pessoas vieram visitá-la.Muita gente veio vê-la o fazendeiro então sacrificou a vaca para alimentar todo aquele povo.
As situações a nossa volta influem direta ou indiretamente nossas vidas.
Não tenho nada a ver com isso, foi o que disse um grande dono de frotas de carroças antes de falir quando Richard Trevithick inventou a primeira locomotiva. As empresas de propaganda disseram o mesmo quando um homem chamado Robert Adler inventou o controle remoto. Não temos nada a ver com isso! Será que não? Pois bem, antes do controle remoto não se tinha a preocupação de investir em produção nos comerciais, por que era realmente terrível ter que levantar da poltrona toda hora para mudar de canal, mas depois do controle remoto houve um esforço monstruoso das empresas de propaganda para chamar a atenção do publico, que agora não se sentia obrigado a assistir o mesmo canal nos intervalos.
Não tenho nada a ver com a política! Foi o que eu disse quando o Collor se elegeu. Então ele roubou o dinheiro da poupança do meu pai e a minha família passou por muitas dificuldades na época. Não tenho nada a ver com a política disse isso também quando o Maluf se elegeu prefeito de são Paulo em 1993, afinal de contas eu não votava mesmo! Só que na época ele não investiu nada na educação, e olha o que aconteceu tem um mês que fui assaltado por dois jovens com idade de 15 a 17 anos que pela aparência não freqüentavam nenhuma instituição de ensino. A Varig está quebrando dizia a reportagem do jornal, e eu dizia; não tenho nada a ver com isso. Minha esposa que na época era minha noiva ficou desempregada e até hoje não recebeu seus direitos.
Não tenho nada a ver com isto? Quantas vezes já ouvi esta frase, eu mesmo a disse varias vezes.
Será que é medo de responsabilidade? Mario Quintana disse: “O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso”.
Paulo diz que todos somos parte de um corpo em I Cor 12: “corpo não é composto de um só membro, mas de muitos. Se o pé dissesse: «Uma vez que não sou mão, não faço parte do corpo», nem por isso deixaria de pertencer ao corpo. E se o ouvido dissesse: «Uma vez que não sou olho, não faço parte do corpo», nem por isso deixaria de pertencer ao corpo. Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo ele fosse ouvido, onde estaria o olfato? Deus, porém, dispôs os membros no corpo, cada um conforme lhe pareceu melhor. Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? Há, pois, muitos membros, mas um só corpo. Não pode o olho dizer à mão: «Não tenho necessidade de ti», nem tão pouco a cabeça dizer aos pés: «Não tenho necessidade de vós.» Pelo contrário, quanto mais fracos parecem ser os membros do corpo, tanto mais são necessários, e aqueles que parecem ser os menos honrosos do corpo, a esses rodeamos de maior honra, e aqueles que são menos decentes, nós os tratamos com mais decoro; os que são decentes, não têm necessidade disso. Mas Deus dispôs o corpo, de modo a dar maior honra ao que dela carecia, para não haver divisão no corpo e os membros terem a mesma solicitude uns para com os outros. Assim, se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros; se um membro é honrado, todos os membros participam da sua alegria”.
Na próxima vez que você ouvir dizer que alguém está diante de um problema e acreditar que o problema não lhe diz respeito lembre-se que, quando há uma ratoeira na casa, toda a fazenda corre risco.

Por Leonardo Pessoa

QUAL É O SENTIDO DA VIDA?



"Viver é uma sombra ambulante"(W. Shakespeare)
"a vida é uma festa. A gente chega depois que começou e sai antes que acabe." (Elsa Maxwell)
"basta aceitar o impossível, dispensar e suportar o intolerável" (Kathleen Norris, escritora norte americana)
"Viver significa pensar sobre o passado, lamentar sobre o presente e tremer diante do futuro." (Rivarol)
Será que todas essas afirmações não são bastante amargas e desanimadoras sobre o sentido da vida? Parece que todos falam apenas de existir e não de viver verdadeiramente.
Todos os ramos da ciência e toda a cultura popular já se depararam com essa pergunta: "QUAL O SENTIDO DA VIDA?" Sempre que estou sozinho me faço este questionamento, o interessante é que ele aparece em um momento de adversidade. Sabe por quê? E porque os problemas da vida nos levam a refletir.
E você, alguma vez você se perguntou para que serve a vida? Você se levanta pela manhã, vai para o trabalho, volta à tarde cansado, toma um banho, janta e no dia seguinte repete a mesma rotina e assim passam-se os seus dias, sem que a vida tenha nenhum significado aparente. A bíblia conta a história de um homem que um dia se sentiu assim.
Estava havendo uma festa espiritual em Jerusalém e um anjo do senhor falou com Felipe diácono da igreja:
"Levanta-te, e vai em direção do sul pelo caminho que desce de Jerusalém a Gaza, o qual está deserto. E levantou-se e foi; e eis que um etíope, eunuco, mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros e tinha ido a Jerusalém para adorar, regressava e, sentado no seu carro, lia o profeta Isaías. Disse o Espírito a Filipe: Chega-te e ajunta-te a esse carro. E correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: Entendes, porventura, o que estás lendo? Ele respondeu: Pois como poderei entender, se alguém não me ensinar? e rogou a Filipe que subisse e com ele se sentasse". (Atos 8:26-31)
Filipe foi conduzido a Gaza (última cidade antes de chegar ao Egito). Em uma das duas estradas de Jerusalém para Gaza, estava um homem rico e influente, que certamente havia comprado uma Bíblia, Caríssima, pois se levava anos para ser escrita a mão, e encontrava-se lendo o texto sagrado. Ele lê a profecia de Isaías (cap. 53) em voz alta.
O protagonista deste texto bíblico é o eunuco. A palavra "eunuco" teve sua origem na Assíria e significa primariamente "oficial da corte", mas no hebraico o termo apresenta um sentido secundário de "castrado". Um eunuco era um escravo preparado desde a infância ou juventude para ser servo toda vida, um homem privado de sua masculinidade que quase sempre se dedicava ao humilhante trabalho de cuidar das mulheres que formavam o harém do Rei. Porém, no texto que acabamos de ler, o eunuco é apresentado como o principal administrador dos tesouros do reino de Candace. Em outras palavras, ele conseguiu chegar ao topo de sua carreira profissional. Somente uma observação Candace não era o nome da rainha, mas um título, como "Faraó", no Egito; "César", em Roma, etc. O eunuco era próspero financeiramente, tinha um bom salário, mas, faltava-lhe alguma coisa no coração. Ele sentia um grande vazio e isso o incomodava. Quando chegava a noite não conseguia dormir. Sabe por quê? Porque por ser um eunuco estava condenado a não ter descendentes. Não teria geração. Sua vida terminaria com ele mesmo.
O futuro de um eunuco era certo demais: uma curta existência nesta Terra e nada mais. Quando ele morresse não teria filhos nem netos para contar sua história. Seu futuro era sem perspectivas. Tudo isso o atormentava, o angustiava demais. Todas essas inquietudes faziam-o sentir que tudo que conseguira na vida não tinha muito sentido.
Quando o ser humano se sente vazio, ele vai a qualquer lugar à procura de solução para seus problemas. Dispõe-se a bater em qualquer porta, em qualquer tipo de filosofia. Não importam as dificuldades. O homem nunca fica de braços cruzados deixando ser devorado pela angústia. Por isso, quando o etíope soube que havia uma festa espiritual na cidade de Jerusalém, dirigiu-se para lá mesmo sendo tão longe de onde residia. Precisava de solução para suas inquietudes.
E você? Quais são as suas inquietudes? Há coisas que o incomodam? Você vive em busca de respostas para suas dúvidas e questionamentos? Você já se perguntou de onde você vem e para aonde vai? Qual é o seu futuro? O que lhe reserva o amanhã?
Talvez, você então consiga compreender o etíope. Ele também queria respostas para suas perguntas e por isso foi até Jerusalém. Continuando a leitura do texto percebemos que aquele homem foi à Jerusalém, mas não encontrou as respostas que procurava. Pela tradição judaica um eunuco não podia entrar no templo (Dt 23:1). Aquela igreja estava perdida e confusa em meio a tantos detalhes da religiosidade. Ela se preocupava apenas com a aparência, pela tradição judaica um eunuco não podia entrar no templo (Dt 23:1). Os detalhes do sacrifício do Cordeiro, da oferta e das cerimônias ocupavam tanto a atenção destas pessoas que elas tinham perdido de vista a essência da vida. Esse homem estava tão angustiado, vazio, triste, desesperado, querendo dar um sentido a sua vida que teve o trabalho de deixar Gaza, subir à Jerusalém para participar, ouvir, ver, tentar entender, mesmo sabendo que não poderia entrar no templo se fosse descoberto, mas infelizmente não encontrou nada lá e ia voltando para sua terra tão vazio quanto tinha ido.
Veja novamente o que diz este verso: "E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te e vai para a banda do sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserta". (Atos 8:26)
Deus sabe quem é você. Ele conhecia até o caminho por onde viajava o etíope. Ele conhece a história de sua vida, as inquietudes de seu coração e com certeza não o deixarão sem respostas.Lá no deserto, Deus pediu a Filipe para ajudar o etíope a encontrar as respostas para sua vida e esse mesmo Deus o guiará até você achar as respostas que você necessita.
Qual então é o sentido da vida? Creio que o sentido da vida de um ser está em "Viver" e "Cumprir o propósito de sua existência".
Viver sozinho é egocêntrico; Já cumprir o propósito de sua existência, engloba Deus e o próximo. Estando vivos e usufruindo de tudo o que a vida nos proporciona, sendo assim já estamos explorando de alguma forma o sentido da vida, mas se ficarmos apenas nesse ponto, então faltará muito, pois viveremos apenas por viver. Se comemos, bebemos e dormimos, apenas para acordar amanhã e comer, beber e dormir de novo, então, estamos vivendo por viver e fazendo somente isto somos semelhantes aos animais. Contudo, nossa vida preciosa como é, deve ser melhor compreendida para ter sentido.
Uma árvore pode nascer e crescer usufruindo o que a terra, a água, o ar e o sol lhe proporcionam. Isso é a sua vida. Contudo, o que poderíamos considerar o seu propósito?
Purificar o ar, servir de sombra e ninho para outros seres. Produzir fruto, que sirva de alimento para alguém. Produzir semente que lhe perpetue a espécie. Lembremo-nos de quando Jesus amaldiçoou a figueira por não ter frutos.
Analisando os objetos, podemos também tirar lições sobre o sentido da nossa existência. Qual é o sentido da existência de uma caneta? A escrita ou o desenho. Então, O SENTIDO ESTÁ DIRETAMENTE LIGADO AO PROPOSITO PARA O QUAL ELA FOI CRIADA. Se tivermos uma caneta, mas não sabemos escrever nem permitimos que outro o faça, então não faz nenhum sentido possuí-la. Passemos para a vida humana.
Qual é o propósito da nossa vida? Para responder a essa pergunta, precisamos fazer outra: Para quê Deus nos criou?
A bíblia nos diz que ele nos criou para o louvor da sua glória (Is 43, 7.21). Deveríamos ser promotores da glória de Deus, vivendo. Para que assim seja, precisamos conhecê-lo, reconhecê-lo, louvá-lo, exaltá-lo através da nossa vida e amando ao nosso próximo. O sentido da vida estará diretamente ligado à execução desse plano. Como Paulo disse em Atos 20, 24: "Mas nada disto temo, nem faço caso da minha vida, contanto que termine a minha carreira e o Ministério da Palavra que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho ao Evangelho da graça de Deus". É como se Paulo visse o sentido da sua vida no cumprimento do propósito de Deus para ele. Para Madre Tereza o sentido da vida estava em cuidar dos mais necessitados.
Quando Pilatos perguntou se Jesus era o rei dos judeus, ele respondeu: "É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo." (Jo 18, 37). Essa frase é muito profunda e significativa. Jesus estava falando sobre o propósito da sua vinda e o sentido da sua vida. Precisamos também descobrir "para que nascemos" e, descobrindo, lutar para cumprir esse objetivo, o qual é o sentido da nossa vida.
Minha opinião é que O SENTIDO DA VIDA está na compreensão de que Deus nos pôs nesta grande escola chamada terra para aprendermos e praticarmos o amor, a fraternidade e a solidariedade; como ele expressou por cada um de nos na cruz do calvário. O sentido da vida é que ela seja vivida na paz e na alegria e deste modo contribuindo para melhorar a sociedade, e os problemas da guerra e da corrupção das estruturas sociais.
A vida do homem tem uma finalidade, ele foi criado à imagem e semelhança de Deus, a finalidade é crescer em condição de filho de Deus buscando melhorar cada dia nossas ações almejando que nosso caráter se equipare ao de Cristo.
Faço minhas as palavras do Padre Albert Luiz Gambarie ditas em seu livro a "Curas das enfermidades":
"A maioria das pessoas se afligem diante das dificuldades por não conhecer a verdadeira arte de viver. Quem deseja encontrar a alegria precisa reconhecer seu próprio valor. AVIDA TEM SENTIDO NÃO POR AQUILO QUE TEMOS, MAIS POR AQUILO QUE SOMOS. E QUEM SOMOS? Independentemente de nossa raça condição social ou grau de cultura, somos a obra de Deus. Perder o sentido de nossa dignidade significa construir uma vida vazia; e o resultado é a aflição".
Aquele eunuco foi a uma festa tentar entender e para dar um sentido a sua vida. Mas não encontrou, e por que não encontrou, por que o sentido não está em templos nem em livros.
A bíblia diz que ele estava voltando pelo deserto, e disse ainda não estar compreendendo, e somente lá no deserto ele pediu ajudar para tentar entender. Só refletimos sobre a vida nos momentos mais difíceis, quando nos encontramos num lugar deserto, sozinhos.
Foi por isso que Salomão escreveu: "Melhor é ir à casa de luto (velório) do que ir a casa onde há banquete (festa); porque naquela (no velório) se vê o fim de todos os homens, e os vivos (que estão no velório) o aplicam ao seu coração" (Eclesiastes 7:2). Infelizmente o momento em que meditamos sobre a vida é no momento da dor, do sofrimento, da privação, quando nos sentimos só como em um deserto.Mas que não seja assim contigo e comigo, não espere a morte, a perda para dar um sentido a sua vida.
Por Leonardo Pessoa


QUANDO MORRE ALGUÉM QUE AMAMOS?


Se os autores das novelas e dos filmes não se rendessem somente as grandes obras literárias, bem que poderiam ler a bíblia, e que trama teríamos sobre a história de Davi Bate-Seba e Urias, uma verdadeira lição de vida. Vamos relembrar a história: um rei que vê a mulher do seu amigo tomando banho manda chamá-la e comete adultério com ela. A engravida, depois manda matar o seu esposo, e passado o tempo do luto casa-se com ela. A criança nasce mas muito doente então:
“Davi busca a Deus pela criança; e jejuou Davi, e entrou, e passou a noite prostrado sobre a terra. Então os anciãos da sua casa se levantaram e foram a ele, para o levantar da terra; porém ele não quis, e não comeu pão com eles. E sucedeu que ao sétimo dia morreu a criança; e temiam os servos de Davi dizer-lhe que a criança estava morta, porque diziam: Eis que, sendo a criança ainda viva, lhe falávamos, porém não dava ouvidos à nossa voz; como, pois, lhe diremos que a criança está morta? Porque mais lhe afligiria. Viu, porém, Davi que seus servos falavam baixo, e entendeu Davi que a criança estava morta, pelo que disse Davi a seus servos: Está morta a criança? E eles disseram: Está morta. Então Davi se levantou da terra, e se lavou, e se ungiu, e mudou de roupas, e entrou na casa do SENHOR, e adorou. Então foi à sua casa, e pediu pão; e lhe puseram pão, e comeu. E disseram-lhe seus servos: Que é isto que fizeste? Pela criança viva jejuaste e choraste; porém depois que morreu a criança te levantaste e comeste pão. E disse ele: Vivendo ainda a criança, jejuei e chorei, porque dizia: Quem sabe se DEUS se compadecerá de mim, e viverá a criança? Porém, agora que está morta, porque jejuaria eu? Poderei eu fazê-la voltar? Eu irei a ela, porém ela não voltará para mim. Então consolou Davi a Bate-Seba, sua mulher,”. (2 Samuel 12.15-24)
A morte de um ente querido - Como superar a dor de uma grande perda? Um dos momentos mais delicados na vida da gente é quando alguém que amamos morre... Quando a perda é inevitável, quando a dor é real e sem saída, quando perdemos e perdemos mesmo... o que fazer para superar a dor da perda? Este final de semana faleceu o pai de um grande amigo e lá diante deste drama da vida comecei a fazer algumas considerações; infelizmente aprendemos mais com a dor do que com a felicidade. A dor nos faz rever os nossos valores, crescer amadurecer e assim valorizamos mais a vida e as relações com as pessoas ao nosso redor. Percebi que diante de uma perda desta significância, temos dois caminhos a seguir. O primeiro é nos afogarmos na dor, guardando eternamente sentimentos de raiva, indignação e culpa, questionando a justiça dos homens e a de Deus. E o segundo caminho nos permite seguir a vida, enfrentando a dor e as etapas seguintes. Embora essa via seja mais dolorosa, é a mais saudável, porque se não expressarmos e vivenciarmos esse momento, certamente o conservaremos dentro de nós (luto crônico) e estaremos, futuramente, vulneráveis aos sofrimentos emocionais e físicos.
A primeira sensação que temos é a de que não se sobrevive à dor da perda, pois ela é muito mais forte do que se pode imaginar. Temos a impressão, às vezes, de que ela nunca irá passar. Toda perda gera um luto e esse processo exige tempo.

Nos preparamos desde cedo para enfrentarmos a competitividade que a vida nos impõe, estudamos, fazemos diversos cursos, aprendemos profissões, aprendemos leis, como lidar com o dinheiro, etc, mas, não aprendemos e raramente alguém se prepara para enfrentar períodos de sofrimentos, dores, perdas, velhice e morte, essas coisas importantes e reais, negamos terminantemente, e quando elas nos sobrevém não sabemos o que fazer, como agir, como enfrentar. É necessário também nos prepararmos para essas realidades. Será que negar, ignorar essas realidades é a melhor forma de lidar com elas? Não nos preparamos psicologicamente, espiritualmente, socialmente para essas realidades é a melhor escolha? É um erro nos prepararmos para essas coisas, isto é sofrer antecipadamente ou minorar os sofrimentos e dores em momentos de crises?
O sofrimento faz parte da nossa humanidade, sofremos de varias maneiras, fisicamente, socialmente, financeiramente, espiritualmente. Passamos por crises, aflições, momentos que somos abalados, afrontados por ventos contrários que veementemente sopram nossas frágeis estruturas. Muitos vergam, caem, levantam e recomeçam tudo de novo. Alguns ficam amargos, deprimidos, quebrados e sem esperança, se tornam arrogantes, afastam-se de Deus e das pessoas, e continuam não valorizando a vida; outros aprendem, ganham experiência, crescem e se tornam mais doce, humildes, se aproximam mais de Deus e do seu próximo, passam a valorizar mais a vida.
Este episódio na vida de Davi nos ajuda a fazer o certo quando tudo dá errado. Vamos analisar como Davi agiu, depois de ter perdido um filho que tanto desejou ver crescer e, quem sabe, se tornar Rei em seu lugar. Como fazer quando quem mais amamos morre?
1° Seja valente!
Davi se levantou da terra! E se lavou, e se ungiu, e mudou de roupas!
Os servos de Davi ficaram com medo de dar a noticia da morte da criança, porque quando ela estava doente ele já estava arrasado não queria comer nem dormir, mas para surpresa de todos quando Davi foi informado da morte da criança se levantou e comeu pão; os seus servos perguntaram: Mas porque o senhor fez isso disseram: quando a criança estava viva você lamentou e chorou agora que a criança morreu você se levantar?
A primeira vista parece muita insensibilidade de um pai não é? Mas observe o que Davi responde: “Vivendo ainda a criança, jejuei e chorei, porque dizia: Quem sabe se DEUS se compadecerá de mim, e viverá a criança? Porém, agora que está morta, porque jejuaria eu? Poderei eu fazê-la voltar? Eu irei a ela, porém ela não voltará para mim”
Davi estava consciente que não poderia fazer mais nada, estava na hora de seguir a vida. Não podemos permitir que a tristeza nos sufoque. Saiba que: A MORTE NÃO É O FIM, SIMPLISMENTE É O INICIO DE UMA VIDA SEM A PESSOA QUE PERDEMOS!
2° Fique firme e creia que dias melhores virão!
Console e ampare quem sofre tanto ou mais que você! “Então consolou Davi a Bate-Seba, sua mulher” Faz muito bem à família e aos amigos conversarem sobre a pessoa que morreu, olhar fotografias e chorar por sentir saudade. Na medida em que há diálogo, vamos nos transformando e ganhando força para retomar o dia-a-dia.
Mesmo para as pessoas que hoje vivenciam uma doença na família, não se pode afastar a realidade da perda gradual. É válido procurar viver ao máximo cada momento, resolver as questões pendentes, agradecer, perdoar e ser perdoado, falar de sentimentos e até da saudade que sentirá. Um tempo necessário, que não é permitido para as pessoas vítimas da violência. Quando a morte é súbita e inesperada, a dor é infinitamente maior e a elaboração da perda é lenta e sofrida. No entanto, a dor é a mesma quando se perde alguém importante na vida.
Mas a vida continua. Devemos desenvolver a capacidade de enfrentar momentos difíceis e de nos ajustarmos às situações de perda, que acontecem na vida. O restabelecimento emocional é importante para seguirmos adiante, até porque a distância física não é o fator determinante, que irá romper os laços afetivos.
Despedir-se não é pôr um fim a uma história, é encontrar um lugar para a pessoa que perdemos no cantinho da saudade e das lembranças boas. Daí, seremos capazes de reinvestir nosso amor e esperança nas pessoas que ficaram e que, certamente, precisam muito de nós.

Por que as pessoas morrem? Não será porque morrer faz parte da vida?
Você já assistiu o filme O HOMEM BICENTENÁRIO? Se não, vale apena ver; embora eu vá contar o final dele agora.
Este filme conta a história de um robô que lutou por duzentos anos para ser reconhecido como parte da humanidade. Até certo ponto do filme ele já amava, ficava triste, tinha um corpo com todas as funções biológicas de um humano, tinha amigos, uma namorada… O que o separava da humanidade?
Ele não podia morrer. Então um dia ele programou seu próprio corpo para começar a se deteriorar aos poucos. Ele sabia que teria somente mais uns 40 anos de vida, se ele se exercitasse e cuidasse da alimentação direito, mas preferiu morrer como um homem de duzentos anos do que viver para sempre como um robô.
A MORTE FAZ PARTE DA VIDA! SOMOS SERES FINITOS; E POR QUE SOMOS SERES FINITOS DEVEMOS BUSCAR AQUILO QUE É ETERNO.
Naquele velório, quando ouvi cada palavra mencionada pelos familiares, percebi que embora sejamos seres finitos nossas ações se eternizam na vida das pessoas, cada gesto de afeto é comentado, cada história é lembrada; e os que ficam se agarram nisto, como meio de suportar a grande dor da perda.
Ficar firme é não desfalecer diante do sofrimento, não colocando os nossos olhos somente nas coisas visíveis e passageiras que o sofrimento reclama, mas é permanecer em pé olhando as realidades eternas.
“Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente. Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas”. (II Coríntios 4.16-18).
Por Leonardo Pessoa

JÁ SE SENTIU COMO SE ESTIVESSE EM UM LABIRINTO?




Se você tem mais de 20 anos com certeza já ouviu a música “Sonho de Ícaro” do Biafra; Voar, voar, subir, subir... Ícaro é um personagem da mitologia grega, ele era filho de Dédalo, um dos homens mais criativos e habilidosos de Atenas. Um dos maiores feitos de Dédalo foi o LABIRINTO DO PALÁCIO do rei Minos de Creta, para aprisionar o Minotauro, um ser metade homem ,metade animal. Mas por ter ajudado Ariadne, a filha de Minos a fugir com Teseu, Dédalo provocou a ira do rei que, como punição, ordenou que Dédalo e seu filho Ícaro fossem jogados no labirinto.
Dédalo sabia que sua prisão era intransponível, as paredes eram altas, ele olhava a sua volta e via que Minos controlava todo mar e terra, sendo impossível escapar por estes meios. Foi então que pensou: "Minos controla a terra e o mar", "mas não as regiões do ar. Tentarei este meio".Dédalo então projetou asas, juntando penas de aves de vários tamanhos, amarrando-as com fios e fixando-as com cera, para que não se descolassem. Foi moldando com as mãos e com ajuda de Ícaro, de forma que as asas se tornassem perfeitas como as das aves. Estando o trabalho pronto, o artista, agitando suas asas, se viu suspenso no ar. Equipou seu filho e o ensinou a voar. Então, antes do vôo final, advertiu seu filho de que deveriam voar a uma altura média, nem tão próxima ao Sol, para que o calor não derretesse a cera que colava as penas, nem tão baixo, para que o mar não pudesse molhá-las. Dédalo beijou seu filho com lágrimas nos olhos e as mãos tremendo, levantou vôo e foi seguido por ele.Eles primeiramente se sentiram como deuses que haviam dominado o ar. Era diferente do lugar onde estavam. Ícaro deslumbrou-se com a bela imagem do Sol e, sentindo-se atraído, voou em sua direção esquecendo-se das orientações de seu pai, talvez inebriado pela sensação de liberdade e poder. A cera de suas asas começou rapidamente a derreter e logo caiu no mar. Quando Dédalo notou que seu filho não o acompanhava mais, gritou: "Ícaro, Ícaro, onde você está?". Logo depois, viu as penas das asas de Ícaro flutuando no mar. Lamentando suas próprias habilidades, enterrou o corpo numa ilha e chamou-a de Icaria em memória a seu filho. Chegou seguro à Sicília, onde construiu um templo a Apolo, deixando suas asas como oferenda.
Você já se sentiu em um labirinto, um beco onde não dá pra ver a saída, um lugar onde às paredes são tão grandes que não conseguimos olhar o horizonte? Como um rato de laboratório, onde se coloca um queijo na saída e o deixa para que se guie pelo cheiro. Na vida somos assolados por problemas distintos e às vezes de complexidade gigantesca e não vemos saída para esta situação.
O mito encontra-se com o histórico, Davi certa vez se sentiu assim como se estivesse em um labirinto sem saída.“Elevo os meus olhos para os montes; de onde me vem o socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra”. (Salmo 121: 1)
Jerusalém, cidade onde Davi está, era cercada por montes, no meio do seu trajeto estavam estes montes, com suas ameaças de caminhos escarpados, onde o vacilo do pé pode significar a morte; onde salteadores e temores estão por todo o lugar; e aonde o próprio sol incandescente que chega a 48°C pode ferir o viajante. Muitas vezes se lê o verso deste salmo de modo incorreto, dando a impressão de que o salmista olhava para os montes pois via neles o seu socorro. Não é esta a idéia. O salmista vê os montes com temor, como um desafio a ser vencido e pergunta: “de onde me virá o socorro?”
Davi fala neste Salmo, dessas situações de agigantamento das dificuldades, desse estado de cerco, de sítio em que nos vemos muitas vezes. Ele fala de situações bem específicas em nossas vidas, que por vezes, somos levados a passar. Todos nós, de um modo ou de outro, por vezes, nos descobrimos dentro de tais situações; momentos em que a vida, por assim dizer, se transforma num imenso Grand Canyon ou um labirinto. Nós somos surpreendidos por realidades que se parecem com um terrível desfiladeiro. Olhamos à volta e nos vemos cercados, entrincheirados pela existência.
Tentamos descobrir uma saída, uma porta, mas não a enxergamos.
Então nós olhamos para o alto, não pelo fato de pensarmos de antemão que o nosso socorro vem do alto, mas porque o nosso cerco é tão elevado, as dificuldades são imensas, os obstáculos tão grandes, que para divisar o cimo, o topo destas dificuldades, temos que olhar para o alto mesmo, visto que elas cresceram, tornaram-se maiores que a nossa estatura, agigantaram-se.
Este labirinto que às vezes nos encontramos nos mostra que não temos todas as respostas. Davi apresenta razões tremendamente fortes, pelas quais nós podemos crer que em Deus nós encontramos saída para esses momentos, que em Deus nós temos socorro bem presente para estas situações.
Não que ele irá resolver nossos problemas, mas nos ajudar nos indicando o caminho a seguir.
Dédalo olhou e não viu saída nos seus arredores, mas foi quando olhou para o alto viu que poderia sair daquele labirinto, Não importa quão grande sejam seus problemas, saiba que sempre há uma saída. Mas eu não consigo enxergar a saída?Talvez você esteja olhando para o lado errado!
Davi e Dédalo têm algo parecido; Davi se viu no meio dos montes, e quem o levou para lá? Ninguém, ele foi sozinho.
Dédalo foi aprisionado no labirinto que ele mesmo projetou. A nossa forma de lidar com as situações da vida nos leva muitas vezes para labirintos, e só damos conta disso quando já estamos lá.
Como sair? Só existem duas saídas; uma saída é pela porta da Lucidez a outra pela porta da Loucura.
Loucura é à saída do covarde, ou seja, “o suicídio” Ícaro estava tão angustiado naquele labirinto que quando viu a possibilidade de estar livre, não pensou nas conseqüências, mesmo sendo advertido por seu pai, e voou para morte.Lucidez nos faz a encarar os problemas que nos levaram para lá, de frente. Mesmo sabendo que neste processo podemos enfrentar perdas, Dédalo viu que o único meio de fugir do labirinto era pelo ar, e respeitou as condições a sua volta.
Muita gente quando se encontra em um labirinto joga a culpa em Deus, na Vida, em algum Santo, no Lula, até na Sogra... Enfim, em qualquer coisa que justifique sua própria incompetência em escolher o caminho certo para sair do labirinto. A culpa não é de ninguém! É nossa mesmo!
Todos nós deveríamos ter em mente que, se queremos progredir e sair de determinada situação, cabe a nós mesmos encontrarmos a saída. Quando os montes nos sufocam, quando nos encontramos em um labirinto,devemos primeiramente olhar para todos os lados, e não encontrando ajuda, devemos olhar para cima, para Deus por que é de lá que vem nosso socorro.
DEUS NÃO NOS FARÁ VOAR, MAS NOS DARÁ SABEDORIA PARA CONSTRUIRMOS NOSSAS PROPRIAS ASAS...
“O labirinto não ensina onde está à saída, mais quais são os caminhos que não levam a lugar algum”

Por Leonardo Pessoa


AMAR É VERBO

Nada mais me inspira a escrever do que uma boa leitura. Enquanto leio, consigo gargalhar sozinho e já algumas páginas à frente cair num intenso choro silencioso. Certas leituras desarmam minha racionalidade, afloram minha emoção e me permitem refletir e escrever com o que mais gosto: meu humano coração – cheio de certezas e dúvidas, alegrias e tristezas, sonhos e frustrações, amores e paixões.

Ao ler a bíblia pela primeira vez. Não tinha muitas referências sobre os autores e o tema principal. Li as memórias dos profetas sobre "Deus" sem ter nenhuma representação formada sobre quem ele poderia ser. Foi melhor assim. Os autores o revelam como gente, e não como mito, expondo todas as contradições e faces de uma pessoa, que poderia ser muito bem meu pai, avô ou irmão – ou poderia ser você. Afinal, somos todos muito parecidos.
A bíblia fala de muitas coisas e fala também de amor. Amor é o centro da fé cristã. O Amor vem de Deus, nos leva para Deus e nos leva para o outro.
Não acredito no amor de palavras. Ninguém dá amor - o amor não é substantivo. Podemos dar coisas como carinho, atenção, respeito e tesão. Por essa razão, digo que amor é verbo – condicionado, assim, À AÇÃO DE AMAR. Amor "o" palavrinha complexa.

Se estivéssemos na aula de português e a professora nos pedisse uma análise sintática do verbo amar analisando-o somente gramaticalmente, veríamos que se trata de um verbo transitivo direto. Quem ama, ama alguém ou alguma coisa. É, portanto, verbo que exige um objeto, um motivo, uma causa que lhe dê razão e lhe dê sentido de existência. Não existe sem este complemento, pois, do contrário, seria inútil. Não somente na frase ou no discurso o verbo amar carece desse algo mais que o justifica. Também nas nossas vidas e no nosso coração esta verdade é plena de significado, ao conjugá-lo sem essa razão que lhe dá alicerce, o nosso aprendizado afetivo não existiria. Na frase de nossa vida, ou melhor, na oração de nossa vida. Precisamos do sujeito ( nós) do verbo ( Deus) e do objeto ( o outro). Nossa vida só tem sentido se deixamos o verbo nos dá ação. E esta ação tem seu fim no objeto, o outro.
“Não tem maior amor do que aquele que dá a vida pelo seu amigo”.(João 15:13)

Eu não era merecedor deste amor... O verbo me amou e hoje para completar o sentido de minha vida preciso amar.

E na vida, quando encontramos as pessoas que amam de verdade não é difícil percebê-las, embora, muitas vezes, não reconheçamos isso. Ou só “cai a ficha” quando já é tarde demais!
Outro dia, eu e minha esposa, fomos a um evento filantrópico, onde o jantar custava R$ 20,00, com comida à vontade. O lugar era muito simples, e os pratos, com tempero caseiro, eram uma delícia. Disse isso à responsável pelo jantar, que estava na saída, e ela de pronto me respondeu com a maior simplicidade do mundo: – é porque é feito com amor, meu filho!
Penso agora nas pessoas que conheci para identificar aquelas que amam na rotina do seu dia-a-dia.
Quanto a nós, sabemos amar? Ou melhor, sabemos o real significado de amar? Você, alguma vez, já teve a curiosidade de olhar o significado da palavra amor no dicionário? Se nunca procurou, vou poupar seu trabalho. O primeiro significado mostrado é o que talvez tenha a melhor definição:
” Sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outra pessoa ou de alguma coisa.”
Então é fácil: Amar é desejar o bem do outro. Mas, talvez, não seja tão simples assim. Já reparou que, quando amamos alguém, nossas necessidades costumam estar antes das do outro? Queremos o outro sempre perto, queremos atenção total, queremos ser ouvidos, etc, etc. Queremos, queremos, queremos… Onde está o querer do outro e o Bem estar do outro?
Isso acontece quando estamos mais preocupados com o receber, em vez de buscar compreender as reais necessidades do outro, sem prestarmos atenção no que de bom podemos compartilhar, e resolvemos só entregar tudo que for possível. É ai que nos esquecemos de fazer do amar um verbo.
Amar é realizar ações concretas que demonstrem o bem querer com o outro. Desejar o bem do outro é amar incondicionalmente, é não sermos egoístas querendo tudo a nossa maneira. Verbos indicam ação. Trazer o amor para a ação é parar de idealizar a perfeição, é não cobrar atitude, mas agir em busca do melhor.

Quem diz que ama, mas quer tudo do seu jeito sem querer compartilhar, não ama outrem, ama a si próprio e por isso, sofre. Sofre porque passa o tempo todo se sentindo rejeitado ou como se faltasse algo, como se estivesse vazio. Deixar de lado as inseguranças e as duvidas, saber que só o amor constrói e que a liberdade faz parte do amor é começar a percorrer o caminho para o amor verdadeiro.

É preciso amar concretamente. Não é tarefa fácil. O amor que vem de Deus é aquele que faz com que nos aproximemos do outro para atender as suas necessidades e não as nossas. Nisso entra a continuação do evangelho de Lucas que mostra a parábola do bom samaritano.
Amar de verdade é reconhecer aqueles que entram em nossos caminhos precisando de atenção.

Por Leonardo Pessoa


IRRITAÇÕES

Agarrado no sedimento arenoso, onde o rio desembocava no oceano, a ostra, abriu gentilmente a sua concha, a fim de sugar água do mar, exatamente como vinha fazendo durante toda a sua vida. Dessa vez, entretanto, a água que corria pelo seu sistema de filtragem deixou um incômodo grão de areia em seu corpo. Ele não o conseguia deslocar. Nada que ele fizesse seria capaz de eliminar aquela partícula de sílica posta em seu corpo. Apesar de o grão de areia não lhe ameaçar a vida, era deveras irritante. O dia do molusco ficou absolutamente arruinado.

Dois dias depois, ficou óbvio que aquele grão de areia tinha se alojado ali, para ficar. Ficara encravado entre a carne mole da ostra e sua concha. O menor movimento da ostra era suficiente para acentuar a irritação: mais ou menos como uma pedrinha, dentro do sapato, cria uma dor crescente, à medida que se anda.
Todavia, ostras e seres humanos enfrentam irritações, reagindo de maneira bastante diferente. Podemos tirar o sapato e retirar a pedrinha; a ostra não pode desfazer-se de sua concha, a fim de extrair o grão de areia. Por isso mesmo, Deus proveu a ostra de uma secreção especial cujo nome é nácar. Mais ou menos, como uma aranha, pode expelir material, para armar a sua teia, a ostra pode secretar o nácar, em redor do fator de irritação, a fim de abrandar ao incômodo.
Dotado de um instinto, dado pelo Criador, a ostra formou um cisto protetor, em redor da substância estranha, e foi revertendo sistematicamente o grão de areia, com sua secreção. Isso embotou as arestas cortantes do grão. Mesmo assim, o fragmento de sílica continuava exercendo pressão contra a carne da ostra. Ela então, liberou maior quantidade de secreção, envolvendo o grão de areia com uma segunda camada de nácar. Os meses arrastavam-se e se tornaram anos, mas a irritação não se ia. Embora agora o nácar tivesse formado uma proteção arredondada e lisa, e não lhe cortasse mais a carne formara-se uma excrescência interna, de tal volume, que o molusco sentia como se alguém estivesse pressionando um dedo em seu lado.
A ostra sentia-se derrotada. Apesar de todo o seu duro trabalho, o fator de irritação havia aumentado de volume.
Ela estava certa de que aquela imensa excrescência o havia tornado um fenômeno anormal. “Ninguém, jamais, haverá de me querer”, lamuriava-se. Quando o apanhador de ostras lançou a sua caçapa e a retirou de sua incrustação, no sedimento do fundo do mar, não ofereceu resistência. O senso de depressão havia substituído o deleite da vida. E ela costumava pensar: “Haveria algo pior do que esses últimos sete anos de sofrimento”
Na manhã seguinte, o preparador das ostras cortou o músculo, que mantinha juntas as duas metades da concha, e deixou a ostra escorregar para dentro de uma tigela. A cozinha explodiu com um grito de excitação: “Vejam só o que eu encontrei! É a maior pérola que já vi. Vale uma fortuna!” A maneira como aquela ostra havia trabalhado a causa de sua dor tornara-se fonte de prazer e alegria para outrem.
A pérola é a única gema formada por um organismo vivo, razão pela qual também é a mais frágil de todas as gemas. Apesar de todas as gemas terem muito valor comercial, uma pérola grande e perfeita, que se desenvolveu no interior de uma ostra, sem qualquer manipulação humana, pode chegar a preço mais elevado do que um diamante perfeitamente lapidado.
Nem todas as ostras produzem pérolas: menos de dez por cento delas são produtivas. Usualmente, conseguem livrar-se dos grãos de areia que se alojam em seus sistemas. E, mesmo quando não conseguem desvencilhar-se de algum fator de irritação, algumas ajustam-se à dor. Por semelhante modo, nem todos suportam bem as aflições e os problemas; mas aqueles que conseguem resistir à severidade dos testes têm uma rica oportunidade de produzir, uma pérola.
Há uma série de materiais aos quais o homem dá um valor especial, como é o caso do ouro, da prata, dos diamantes, dos rubis e de outras pedras preciosas.Todos eles têm origem em estruturas metálicas ou cristalinas, inorgânicas, como é o caso dos diamantes, produzido a partir de uma exposição do carbono a milhares de anos de pressão e calor.
Já a pérola, possui natureza orgânica, uma vez que é produzida dentro das ostras. Não é sem razão que ela foi tomada muitas vezes como elemento simbólico das coisas espirituais, tanto por Jesus Cristo como pelas mensagens proféticas.
“O reino dos céus é semelhante ao homem negociante, que busca boas pérolas; E, encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e comprou-a.” Mateus 13: 45-46
Os sofrimentos podem produzir mágoas e tristezas ou pérolas de extraordinário valor. Você já se sentiu ferido pelas palavras rudes de alguém? Já foi acusado de ter dito coisas que não disse? Suas idéias já foram rejeitadas ou mal interpretadas? Já sentiu duros golpes de preconceito? Já recebeu o troco da indiferença?
Então, produziu uma pérola, um tesouro que se criou dentro de você.
Cubra suas mágoas com várias camadas de amor. São poucas as pessoas que se interessam por esse tipo de sentimento. A maioria aprende apenas a cultivar ressentimentos, deixando as feridas abertas, alimentando-as com sentimentos pequenos, não permitindo que cicatrizem. Assim, na prática, o que vemos são muitas ‘ostras vazias’, não porque não tenham sido irritadas ou feridas, mas porque não souberam perdoar, compreender e transformar a dor em amor.
Por Leonardo Pessoa